BRF anuncia recolhimento de 164,7 toneladas de frango da Perdigão por possível presença de salmonela

Alimento foi destinado a 13 estados e não está mais à venda, segundo empresa. Produto que seria exportado também pode estar contaminado.

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Foto: Arquivo/Agência Brasil
Foto: Arquivo/Agência Brasil

A BRF vai recolher aproximadamente 164,7 toneladas de carne de frango in natura da marca Perdigão destinadas ao mercado doméstico devido ao risco de contaminação pela bactéria salmonela.

No total, 464 toneladas do alimento podem estar contaminadas. Isso porque também serão recolhidas outras 299,6 toneladas de carne de frango in natura destinadas ao mercado internacional como medida de precaução. O Brasil é o maior exportador de frango do mundo.

Vendas para 13 estados

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (13), a empresa informou que os produtos saíram do frigorífico de Dourados (MS) em outubro e novembro últimos. Trata-se de cortes congelados de coxa, sobrecoxa, meio peito, filezinho (sassami), filé de peito e coração.

"Apenas uma parte dos lotes incluídos no recall apresentou resultado positivo para essa bactéria. Mas, como possuem as mesmas datas de fabricação de lotes com teste positivo, todos estão sendo retirados do mercado com base no princípio da precaução", afirma a BRF.

Os produtos foram comercializados nos estados do Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

A empresa afirma que eles não estão mais à venda: "A BRF entrou em contato com todos os clientes (pontos de venda) que receberam os produtos com as datas de produção mencionadas. Realizamos o inventário dos estoques e asseguramos que as quantidades ainda não comercializadas sejam bloqueadas e recolhidas."

"Esta fase que se inicia com o recall visa buscar os produtos que porventura estejam com os consumidores finais e ainda não tenham sido consumidos", diz o comunicado.

Risco à saúde

A empresa alerta que, caso os alimentos contaminados sejam consumidos sem terem sido completamente fritos, cozidos, assados ou manuseados conforme descrito nas embalagens, eles podem causar dores abdominais, diarreia, febre e vômito.

Segundo a BRF, o consumidor que tiver produto dos lotes envolvidos no recall (veja abaixo) deve entrar em contato gratuitamente pelo telefone 0800-031-1315 ou pelo e-mail [email protected], para esclarecimento de dúvidas, troca ou devolução.

Foto: Divulgação
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Investigação

A BRF, que também é dona da Sadia, diz ter destacado "um grupo de especialistas para investigar as origens deste único caso, para garantir a adoção das medidas apropriadas para evitar recorrência".

Ainda no comunicado, a produtora afirmou que a fábrica em Dourados segue funcionando "sob um processo rigoroso de manutenção e liberação dos produtos para assegurar que a ocorrência foi pontual e não se repetirá".

Segundo a BRF, o recall foi informado ao Ministério da Agricultura e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ainda de acordo com a empresa, o montante envolvido no recall nacional representa uma quantia inferior a 0,1% de toda a produção mensal de frango da BRF no país.

Operação Trapaça

No ano passado, a BRF foi alvo da Operação Trapaça, um desdobramento da Carne Fraca, por suspeita de fraudar laudos relacionados à presença de salmonela em alimentos para exportação a 12 países. Neles, a porcentagem de salmonella spp tolerada é menor do que no Brasil.

Em março último, o ex-presidente global da empresa, Pedro de Andrade Faria, chegou a ser preso pela Polícia Federal junto com outras 9 pessoas ligadas à companhia.

A Operação Trapaça teve como alvos 4 unidades da BRF em Goiás, Paraná e Santa Catarina.

Logo depois, a União Europeia barrou 20 frigoríficos do Brasil, sendo 12 da BRF, entre eles um dos citados na investigação da PF.

Ainda no início de 2018, a empresa reportou prejuízo de R$ 1,1 bilhão em consequência da primeira fase da Operação Carne Fraca, em 2017, o que impactou nas ações.

A Petros (fundo de pensão dos funcionários da Petrobras) e outros acionistas, como a Previ, fundo dos funcionários do Banco do Brasil, pediram a destituição de todos os membros do conselho da empresa, que desde 2013 era presidido pelo empresário Abilio Diniz.

O então presidente-executivo da BRF, José Aurélio Drummond Jr., renunciou ao cargo. Indicado por Diniz, o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, assumiu a presidência do conselho em abril.

Em outubro, Diniz foi indiciado por estelionato e organização criminosa junto com Pedro Faria e mais 42 investigados na Operação Trapaça. Eles negam terem cometido irregularidades.

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Com informações de G1

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