Crianças e jovens com diabetes podem levar vida normal

Crianças e jovens com diabetes podem levar vida normal

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Desde que começou a série do doutor Drauzio Varella sobre diabetes, muita gente pergunta se a solução é não comer doces, para não subir o nível de açúcar no sangue. Como o Fantástico mostra neste domingo (8) não é bem assim: existem muitos alimentos, não só doces, que aumentam a glicose, o açúcar no sangue.

Essa reportagem mostra que, com atenção e disciplina, dá para levar uma vida normal, até mesmo quem sofre de diabetes tipo 1, a forma da doença que atinge mais as crianças e os adolescentes. “Eu tenho rosto de 70 anos de idade? Eu tenho 70 anos. Não sei o que é ser um velho de 70 anos. Eu sou um homem de 70 anos. Sou velho de idade, eu estou usado, mas aquele: ‘Está ruim, estou cansado’, não tem nada disso”, garante o cantor Sérgio Reis. Além do gosto pela vida e por um bom prato, o cantor Sérgio Reis e o empresário Wolf Kurt Schrickel têm outra coisa em comum: diabetes. Wolf quase teve que amputar um dedo do pé por causa da doença. O susto fez com que pensasse melhor na vida. “Chega um dado momento em que o seu corpo precisa de uma colaboração e a diabetes é – felizmente – uma doença que permite uma reação”, diz Wolf. Sérgio Reis recebeu o diagnóstico de diabetes aos 58 anos. Ele só descobriu quando precisou operar o cérebro depois de um derrame. Quem tem diabetes, corre mais risco de derrames cerebrais. “Quer saber? Para mim foi até bom, viu? Porque eu era relaxado com a minha alimentação. Eu comia. Hoje eu me alimento. É só cuidar”, explica o cantor Sérgio Reis. Quando alguém recebe o diagnostico de uma doença grave, corre para se tratar. Ninguém gosta de morrer. Diabetes é fácil de controlar com alimentação cuidadosa, atividade física e medicamentos. Parece simples, mas muitos portadores de diabetes fazem exatamente o contrário. Comem de tudo, passam o dia inteiro sentados e esquecem dos remédios. Assim vêm as complicações, e a vida corre perigo. “Eu tenho um hobbie que é cozinhar, eu tenho um outro hobbie que é comer. Eu gosto de comer bem e eu gosto de cozinhar”, revela o empresário Wolf. O problema central no diabetes é o excesso de glicose, de açúcar no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, mas a glicose não está presente apenas nos doces. Há vários tipos de alimentos que, quando digeridos, são quebrados para dar origem a glicose. “Eu trabalho justamente com aquilo que eu não vou poder mais olhar, que são as festas infantis onde tem bolo, salgados, docinhos, tudo que eu vou ter que evitar. Vai ser difícil, mas eu vou ter que deixar de comer. Tudo que eu mais gosto, na verdade, são as frituras, são os salgados”, conta o administrador de empresas Vitor Tadeu. O paulistano Vitor Tadeu tem 50 anos de idade. Descobriu o diabetes há poucos dias. Ele não sentia nada, mas estava com a glicemia em 277 e vai ter que mudar de vida. “Meu café da manhã é café com leite, bolo, pão com manteiga, com geleia. Geralmente, eu costumo comer dois pães, mais café e leite adoçado com açúcar. Às vezes, também alguma fruta, bem docinha, de preferência. Tomo suco de laranja e, às vezes, suco de garrafa”, confessa Tadeu. Vitor Tadeu, como Wolf e Sérgio Reis, têm diabetes do tipo 2, a forma mais comum da doença. O tipo 2 é responsável por 85% dos casos de diabetes. Ele geralmente se instala a partir dos 40 anos de idade e está associado à vida sedentária e à obesidade. Já o diabetes do tipo 1 ataca principalmente as crianças, como a pequena Maria Vittoria. “A gente descobriu em 2008. Fazia mais ou menos um mês que eu tinha me separado, e a Vitória começou a ficar irritada, muito nervosa. E a gente achava que era estresse, porque o pai não estava mais ali perto, mas eu não sabia que criança tinha diabetes. Eu não tinha nem ideia que criança tinha diabete. Peguei o exame no laboratório e achei engraçado porque no valor de referência dizia que tinha que ser, no máximo, 140. E deu 290. ‘É, Nicole, então, sua filha tem diabetes’”, conta a professora de inglês Nicole Lagonegro, mãe de Maria Vitória. Não é muito comum, mas a criança e o adolescente também podem ter diabetes. Geralmente é o diabetes do tipo 1. No tipo 1, as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina são destruídas. Sem insulina, não dá para viver. Se o pâncreas não joga insulina na circulação, só tem uma saída: aplicar injeções de insulina todos os dias, pelo resto da vida. O pâncreas de quem tem diabetes tipo 2 ainda produz insulina. Por isso, é possível controlar a glicemia só com medicação oral, dieta e atividade física. Quem não faz esse controle, pode sobrecarregar o pâncreas, até que ele, exausto, para de funcionar. Foi isso que aconteceu com o empresário Wolf. Comer doces faz subir rapidamente a taxa de glicose no sangue. Alimentos ricos em carboidratos, como massas, pão branco, arroz e batata, quando digeridos, também se transformam em açúcares. Se você sofre de diabetes, precisa criar o hábito de olhar o rótulo dos alimentos industrializados. Uma batata frita, por exemplo: cada porção 25 gramas, o que equivale a uma xícara e meia. Nessas 25 gramas, 12 gramas são de carboidratos. De gordura, praticamente 10 gramas. Quer dizer, das 25 gramas, 22 gramas são de gorduras e carboidratos. Em cada porção de 30 gramas de um biscoito, 24 gramas são de carboidratos. Se você tem diabetes, tome cuidado com gorduras e carboidratos. Não é que você não possa comer, mas tem que comer em quantidades muito pequenas. “A gente faz contagem de carboidratos com ela. Faz pouco tempo que a gente começou. Então, eu tenho que saber as quantidades das coisas para poder calcular. Eu tenho um caderninho, onde eu tenho escrito vários alimentos. Tudo que ela come eu anoto para eu saber como a comida reage no organismo dela,” conta a mãe de Maria Vittoria. A pessoa fala: “mas eu gosto tanto de batata frita, nunca mais vou comer. Nunca mais vou poder comer um pãozinho de manhã, quentinho, com geleia”. O importante é você manter um hábito alimentar no dia a dia que seja o mais rigoroso possível, para você ter liberdade até de cometer alguns excessos de vez em quando. Mesmo que a glicose suba um pouquinho, depois ela voltando ao normal, não vai ter problema. O problema do diabetes é a glicose elevada durante todo o tempo. Não pode cometer um exagero no café da manhã, outro no almoço e outro no jantar. “Eu gosto de comer. Eu sempre gostei de comer. Mas depois surgiu o diabetes na minha vida. Se você não a controlar, é nocivo para você. Então, eu não quero ficar cego, não quero amputar pé, nem dedo, nem nada. Eu quero viver. Para viver, eu tenho que me educar, alimentando”, resume Sérgio Reis. “Diabetes causa muitos problemas maléficos que a gente fica até com medo”, comenta o administrador de empresas Vitor Tadeu. “Monitorando, dá para levar numa boa”, destaca Wolf. “É normal. A criança que tem diabetes faz as mesmas coisas que a criança que não tem”, afirma Maria Vittoria, filha de Nicole.

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