Cultura em Cena: Lauvir Benjamin e seus Dinossauros Esculpidos com Pneus

Na coluna de hoje o produtor cultural Omar Dimbarre conta a história de criatividade do artista e suas inspirações.

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Cultura em Cena: Lauvir Benjamin e seus Dinossauros Esculpidos com Pneus

Os dinossauros desapareceram do planeta há 65 milhões de anos, depois que um asteroide do tamanho de uma montanha colidiu com a Terra. Dominaram a paisagem por milhões de anos, e apesar de extintos há tanto tempo, estão vivos no imaginário de crianças e adultos.

A sétima arte colaborou muito com a popularidade destas colossais criaturas. Em 1993, o filme “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”, dirigido por Steven Spielberg, lotou as salas de cinemas do mundo todo, e na esteira deste sucesso estrondoso, vários produtos foram lançados, de miniaturas até videogames, passando por camisetas, bonés, brinquedos, bichos de pelúcia, e uma infinidade de outras bugigangas que exploravam o universo destas criaturas pré-históricas.

Viraram estrelas do cinema e também conquistaram seu espaço na televisão e na literatura, tanto infantil, quanto adulta. O filme “Jurassic Park” é uma adaptação de uma obra literária escrita por Michael Crichton.

Grandes museus de história natural no mundo todo exibem seus fósseis, atraindo milhões de turistas. Dinossauros são populares em qualquer lugar do mundo, e para quem souber se utilizar desta popularidade, pode encontrar nela, sua fonte de renda.

O artista hervalense Lauvir Benjamin, utiliza suas mãos habilidosas para transformar pneus velhos em esculturas de dinossauros.

O trabalho dele não se restringe somente a estes seres que dominaram o planeta por tanto tempo, mas são eles a grande sensação do empreendimento. Alguns cruzaram as fronteiras do estado de Santa Catarina. Cinco são atração na pousada Lago dos Dinossauros, no distrito de Peirópolis, em Uberaba, Minas Gerais.

Peirópolis é considerada a Terra dos Dinossauros do Brasil. Foram encontrados mais de quatro mil objetos paleontológicos, entre eles o maior dinossauro brasileiro, o Uberabatitan riberoi, que chegava a atingir 27 metros de comprimento, e 10 metros de altura.

Em nenhum outro lugar do nosso país foi encontrado tantos fósseis e de tantas espécies diferentes, e é a única localidade brasileira em que foram achados ovos e ninhadas intactas.

O distrito abriga um Centro de Pesquisas Paleontológicas, o Museu dos Dinossauros, e um sítio geológico. Em meio a toda esta riqueza científica está inserida a arte de um artista nascido no Vale do Rio do Peixe. 

Tupi Paulista, em SP, Barra Velha, Balneário Barra do Sul, São Miguel da Boa Vista e Luzerna, em SC e Machadinho, no RS, são cidades que abrigam obras que ganharam forma pelas mãos de Lauvir.

Benjamin não trabalha sozinho; a produção das esculturas é um trabalho realizado em família. Sua filha Andreia ajuda na montagem, cuida da parte burocrática da “Criatividades em Pneus”, empresa que comercializa as esculturas, e é responsável pela pesquisa sobre dinossauros e outros personagens que serão moldados, e sua esposa Cleoni, cuida da higienização de todo material. Todos os pneus possuem furos para impossibilitar o acumulo de água. 

Quem passa em frente a casa situada na Av. Caetano Natal Branco 4.430, em Luzerna, alugada há cerca de 40 dias para servir como ponto de vendas, para exposição, e para criação artística, se depara com suas obras expostas na calçada em frente. 

Um boneco enorme do Shrek, o ogro mais querido da sétima arte, chama a atenção da criançada  que trafega junto com seus pais, em carros que vão e vem, oriundos de várias cidades, e que passam pela região.

Não só os pequenos são atraídos pela grandeza das imagens que se sobressaem na paisagem. Muitos adultos ficam impressionados com a réplica do Cristo Redentor, com os dinossauros, trator, vasos, balanços, totens e tantas outras belezas que estão expostas sobre o escasso espaço em frente a uma bonita casa de madeira, amarela e antiga.

Turistas que chegam para visitar o local, que por enquanto carece de infraestrutura para recebê-los e acomodá-los, levam o nome da cidade que está abrigando tamanha riqueza cultural, para além de suas divisas.

Em um passeio pelo belo quintal encontramos várias obras criadas pelo grande escultor e sua família; poltronas, arara, cisne, tartaruga, galo, coruja, sapo, cobra, lesma, pássaros, casa para cachorro, totens; isto tudo em meio a muitas árvores, criando um ambiente bastante agradável para se passar algumas horas, e que poderá tornar-se um parque aberto à visitação pública, atraindo turistas, caso sejam efetuadas melhorias em sua infraestrutura.

A família depende da renda obtida com as vendas, para sua manutenção, e portanto aguarda que alguém com visão empreendedora ou que tenha noção da importância do turismo para o desenvolvimento socioeconômico de uma cidade, invista na construção do referido parque. O local, não necessariamente precisa ser o atual.   

Lauvir presta um serviço ao meio ambiente, retirando a matéria-prima de sua arte de rios, beira da estrada, terrenos, lixeiras, ou entregues por pessoas que não sabem onde descartar. São objetos que levam 600 anos para se decomporem na natureza, além de se tornarem criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da zika e da chikungunya.

São utilizados pneus de carros, bicicletas, e motos. A arte a serviço da preservação da natureza.

A descoberta do artista que havia dentro de sí, aconteceu há pouco tempo. Na véspera do Natal de 2019 foi demitido do emprego, após 9 anos prestando serviços na empresa. 

Levou um baque imenso, precisava recomeçar, e a ideia de esculpir em pneus partiu da sua esposa, que há algum tempo havia solicitado um vaso para suas plantas, e foi neste momento, que pela primeira vez, Lauvir se utilizando um facão, esculpiu um cisne em um pneu velho. Havia sido um trabalho isolado, e que agora poderia ser útil.

Iniciou com poltronas e outros objetos simples, e conforme algumas pessoas foram dando ideias, aperfeiçoou, e deu início ao trabalho familiar. Andreia começou a pesquisar na internet, e os dinossauros começaram a ganhar forma, e render dinheiro.

Benjamin teve uma infância árdua, Precisava inventar para suportar as adversidades que a vida já colocava em seu caminho.

“Minha infância não foi fácil. Na escola, tinha que usar o lápis enquanto podia segurar no dedo. A maleta que eu levava meu material escolar era um saco de arroz. Não gosto de lembrar da minha infância” .

Construía seus próprios brinquedos utilizando material que encontrava pelas ruas. Com uma vara, saia rolando um pneu que encontrava descartado em algum terreno baldio, e com uma ripa equilibrava uma tampa colocada em sua ponta.

O primeiro brinquedo que recebeu de presente foi uma caçamba de plástico, quando estava próximo de completar 10 anos.

Precisando ajudar com as despesas domésticas, aos 13 anos começou a trabalhar fazendo cercas para terrenos, e telas para galinheiro. Nesta época sofria muito com uma forte dor na cabeça, e passava muito tempo internado em hospitais. Nunca descobriram o que ocasionava tal dor, mas um médico acertou a medicação, e hoje está controlada.

Trabalhou como pedreiro, soldador, com compra e venda de ferro velho e plástico, passou por algumas instituições, e só veio a descobrir seu potencial artístico depois de uma vida inteira de labuta. Foi no momento que precisou se reinventar para sobreviver, que finalmente nasceu o artista Lauvir Benjamin.

Contatos:

Lauvir : (49) 99201-2800

Andreia: (49) 98925-3671

Cultura em cena é uma coluna escrita pelo produtor cultural Omar Dimbarre, para destacar o que se faz no meio cultural da região.

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