No meio de pães, em cima de cama e no restaurante: por que cobras têm aparecido em áreas urbanas de SC?

Segundo biólogo, destruição do habitat e busca por alimento podem estar ligados à aparição mais frequente.

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Divulgação/Redes Sociais
Divulgação/Redes Sociais

Uma cobra caninana foi flagrada na padaria de um supermercado em Florianópolis na última semana. Mas o registro em meio a cesta de pães e bolos não é o único inusitado em Santa Catarina.

Casos de serpentes encontradas dentro de caixa de correio, enroladas em cadeira de restaurante ou em cima de cama já mobilizaram equipes especializadas em resgate de fauna silvestre no estado.

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Segundo o professor universitário e doutor em biologia Jackson Preuss, destruição do habitat natural, busca por alimento e abrigo, além de fatores climáticos, podem aumentar a incidência de serpentes em áreas urbanas

O especialista conta que os registros em áreas urbanas têm se distribuído ao longo de todo o ano, "numa constância muito grande". "Até um tempo atrás, eles estavam diretamente relacionados a condições climáticas, [com aparições] em períodos mais chuvosos ou de temperaturas mais elevadas", contextualiza.

Destruição do habitat

A perda ou fragmentação do habitat dessas serpentes, que costumam viver em ambientes florestais, é o principal fator para os registros "cada vez mais frequentes" , conforme Preuss. "A destruição das florestas e a expansão urbana fazem com que esses animais, muitas vezes, percam o seu o seu habitat natural", informa.

Segundo ele, muitas construções são feitas bem no meio desses ambientes naturais. "Então, quando precisam se deslocar de um ambiente florestal até outro, encontram essas barreiras físicas: pode ser uma padaria, uma casa, uma cidade", explica.

Segundo o especialista, muitos desses espaços urbanizados costumavam ser importantes para a manutenção das espécies.

Busca por abrigo e alimento

Mas, segundo o especialista, outras intervenções humanas fazem com que as cobras procurem construções ou objetos para se proteger.

"No ambiente natural também há uma pressão muito grande. Pode ser através da caça, de queimadas, do desmatamento. Por esse motivo esses animais são acuados, ameaçados e forçados a buscar outros locais em busca de abrigo", complementa.

A construção de cidades ainda força esses animais a se deslocarem por regiões maiores. "Acabam, muitas vezes, buscando alimentos em locais mais fáceis de conseguir isso, como as cidades onde há muito roedores", explica o biólogo.

Segundo o biólogo da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama) Christian Raboch, esses registros não querem dizer que as serpentes desejam interagir com seres humanos, mas significa que querem "procurar alimento".

Condições climáticas

De acordo com a Fujama, cobras são animais de sangue frio, que normalmente ficam mais inativos durante o outono e inverno, passando a maior parte do tempo em suas tocas. Quando a temperatura aumenta, eles saem em busca de alimento.

Conforme Preuss, isso acontece porque o metabolismo desses répteis é diretamente influenciado pela temperatura do ambiente.

Importância das serpentes no ecossistema

As cobras são importantes predadores no ecossistema e fazem o controle de roedores. A eliminação deste tipo de animal, segundo os biólogos, causaria um impacto muito negativo na dinâmica dos ecossistemas.

Além disso, as serpentes também são reconhecidas como importantes fontes de pesquisa.

"Foi criada do veneno das jararacas o remédio mais utilizado no mundo de combate à hipertensão. A partir do veneno da cascavel foi criada uma cola biológica usada em cirurgia e um anestésico dez vezes mais potente que a morfina", disse Raboch.

O que fazer ao encontrar uma cobra?

  • Entre em contato com os Bombeiros (193) ou com a Polícia Ambiental da sua cidade (190);
  • Em caso de acidente com serpente, entre em contato com o Samu (192), os Bombeiros (193) ou se dirija ao hospital público mais próximo;
  • Em caso de dúvidas ou orientações sobre procedimentos de primeiros socorros, ligue para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC), pelo telefone: 0800 643 5252.

Fonte:

G1 SC

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