Nova substância pode ser chave contra obesidade, doença que acomete quase 400 mil catarinenses

Neurotransmissor presente no cérebro pode ser o responsável pela escolha entre alimentar-se mal ou fazer exercícios físicos.

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Foto: Banco de Imagens/NSC
Foto: Banco de Imagens/NSC

A obesidade é uma doença crônica que atinge quase 400 mil pessoas em Santa Catarina. Somente em 2022, 398 mil pessoas — pelo menos cinco em cada 100 catarinenses — estavam com o índice de massa corpórea (IMC) em níveis elevados, segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN).

A comorbidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, o que pode desencadear fatores de risco para a saúde. Recentemente, cientistas descobriram uma substância no cérebro que pode ser a chave para o emagrecimento das pessoas que sofrem com a doença.

Segundo o Ministério da Saúde, para combater a doença é imprescindível adotar uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente. Apesar da eficácia destes métodos, as pessoas sentem dificuldade em manter uma vida ativa e uma dieta constante.

Exercício físico ou fast food?

Pensando nisso, pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), na Suíça, descobriram que a orexina, um neurotransmissor no cérebro, é o responsável por bloquear a escolha entre, por exemplo, tomar um milkshake ou ir para a academia.

Em seus experimentos com camundongos, os pesquisadores conseguiram mostrar que a orexina, uma das mais de 100 substâncias mensageiras que são ativas no cérebro, desempenha um papel fundamental nesse processo de escolha entre ter uma alimentação ruim e fazer exercício físico.

Denis Burdakov, professor de Neurociência na ETH Zurich explica que, na neurociência, a dopamina é frequentemente usada para justificar por que escolhemos realizar certas atividades e evitamos outras, sendo um mensageiro cerebral crucial para nossa motivação geral. No entanto, ele ressalta que o conhecimento atual sobre a dopamina não esclarece completamente por que as pessoas optam por se exercitar em vez de comer, já que o cérebro libera dopamina em ambas as situações.

Através dos testes em camundongos, os pesquisadores perceberam que os ratos sem a presença de orexina no organismo optavam por comer doce ao invés de passar mais tempo na roda de corrida em sua gaiola. Já os animais com a substância no cérebro, optavam por movimentar-se por mais tempo. Isso sugere que a orexina pode estar relacionada com a tomada de decisão entre alimentar-se mal e fazer atividade física.

Os pesquisadores agora pretendem fazer novos estudos e esperam que os resultados possam ser significativos com humanos também, além de poder entender como o nosso cérebro toma esta mesma decisão. Este seria um primeiro passo para tentar encontrar formas de fazer com que os seres humanos melhorem seus hábitos alimentares e pratiquem exercícios físicos.

A importância da alimentação saudável no combate à obesidade

A principal recomendação do Ministério da Saúde para o combate à obesidade é ter uma alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados, conforme orienta o Guia Alimentar para a População Brasileira. Junto a isso, evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, amplamente associados ao ganho de peso.

O nutricionista catarinense Takeo Kimoto acredita que os hábitos alimentares são o fator que mais impacta no controle da obesidade:

— Existem várias pessoas que são sedentárias e não são obesas, mas a gente não vê nenhuma pessoa que coma muito, e coma de forma errada, que não tenha pelo menos um sobrepeso. Então você entende que a alimentação errada acaba tendo um peso muito maior na questão da obesidade.

Dez passos para uma boa alimentação

O Guia Alimentar para a População Brasileira indica os dez passos para uma alimentação adequada e saudável. Veja quais são eles:

  • Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;
  • Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias;
  • Limitar o consumo de alimentos processados;
  • Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados como “salgadinhos de pacote”, refrigerantes e “macarrão instantâneo”;
  • Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;
  • Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;
  • Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
  • Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece;
  • Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
  • Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.

Alimentação saudável combinada à atividade física

O nutricionista afirma que, para além da alimentação saudável, é de suma importância também fazer atividade física constantemente. Segundo o Ministério da Saúde, “a atividade física ideal é aquela que a pessoa consegue e gosta de praticar. Isso faz com que a prática seja regular e constante”.

O médico endocrinologista Frederico Marchisotti, professor no Centro Universitário de Brusque (Unifebe), em Brusque, explica que a atividade física combinada à alimentação é importante para emagrecer, mas principalmente para manter o peso depois de perdido.

— A atividade física mostra que a pessoa está empenhada em mudar o estilo de vida, então essa mudança como um todo é que leva a pessoa a emagrecer a longo prazo. E é uma boa atividade física que vai ajudar a pessoa a se alimentar bem. Uma pessoa que faz atividade física naturalmente é impelida a se alimentar bem — explica.

O Guia de Atividade Física para População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde ressalta que “fazer qualquer atividade física, no tempo e lugar em que for possível, é melhor que não fazer nada. Praticar atividade física, é importante para a sua vida. Mesmo ao praticar um pouco de atividade física, você pode obter benefícios para a sua saúde”.

 O documento cita exemplos de como fazer atividade física em quatro domínios da sua vida: no seu tempo livre; quando você se desloca; nas atividades do trabalho ou dos estudos; e nas tarefas domésticas:

  • Tempo Livre: Envolve atividades de lazer como caminhar, correr, dançar, nadar, pedalar, praticar esportes e brincadeiras.
  • Deslocamento: Inclui formas de deslocamento ativo, como caminhar, pedalar, patinar e usar skate.
  • Trabalho ou Estudo: Abrange atividades físicas realizadas no ambiente de trabalho ou educacional, como plantar, colher, limpar, e participar de aulas de educação física.
  • Tarefas Domésticas: Envolve atividades físicas realizadas em casa, como varrer, lavar e carregar objetos.

Fonte:

NSC

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