Olhos secos e doenças respiratórias: como as fumaças da Amazônia impactam na saúde em SC

Sintomas incluem garganta e olhos secos, além de agravamento de doenças cardiorrespiratórias.

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 (Foto: Lucas Amorelli, DC)
(Foto: Lucas Amorelli, DC)

As fumaças vindo das queimadas da Amazônia afetam o ar de Santa Catarina e impactam na saúde dos catarinenses desde o início de agosto. Isso porque a baixa umidade relativa do ar, causada pelos incêndios, podem deixar a região dos olhos e nariz mais secos, além de causar ou agravar problemas cardiorrespiratórios. 

Com o corredor de fumaça presente no Estado, o índice de qualidade do ar em Santa Catarina é classificado de moderado a ruim, explica Leonardo Hoinaski, coordenador do laboratório de Controle de Qualidade do Ar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).  

— Temos observado, através dos monitores e equipamentos que medem a concentração de poluentes, uma elevação de partículas no ar em diversas partes do Brasil e em Santa Catarina também. É uma coisa muito grave. Podemos esperar alguns efeitos na saúde com um incremento no número de internações hospitalares — fala Hoinaski. 

De acordo com a médica infectologista Sabrina Sabino, os principais sintomas em relação a baixa umidade do ar envolvem olhos, nariz e garganta secos, com chances de sangramento, desidratação, além do agravamento de doenças pulmonares, como asma, e outras doenças alérgicas. 

— O ressecamento da mucosa mais propicia também o aumento significativo de doenças infecciosas, porque são as nossas mucosas que nos protegem. Com isso, o vírus acaba fazendo uma propagação muito mais rápida e vamos ter uma aumento de doenças pulmonares, de doenças respiratórias, e de doenças virais, como a influenza. 

Ao todo, o Brasil registrou 68.635 focos de queimadas em agosto, de acordo com dados do “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o pior resultado para o mês desde 2010, quando 90.444 focos ativos foram detectados pelo satélite de referência do instituto. Em Santa Catarina, já são 1.311 focos de incêndio neste ano, mais do que a soma de todo o ano passado, quando foram contabilizados mil focos de incêndio.

Medidas de proteção 

Segundo a infectologista, as principais medidas de proteção da saúde envolvem hidratação e promover a umidificação do ar. 

— As pessoas que são asmáticas, que têm problemas respiratórios, elas já devem ter um umidificador. Mas se não conseguir deixar pelo menos um balde, uma bacia de água no ambiente, isso já ajuda. A água evapora, e consequentemente, aumenta um pouquinho da umidade do ar — explica a médica. 

A infectologista Sabrina Sabino explica que ainda não há uma medida que defina a utilização do uso de máscara em Santa Catarina, mas o Ministério da Saúde recomenda o uso dos tipos N95, PFF2 ou P100, para quem mora nas regiões mais afetadas pelos incêndios. A medida podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.

 Grupos de risco 

Segundo o Ministério da Saúde, crianças menores de 5 anos, idosos e gestantes devem ter atenção redobrada, sendo preciso estar atento aos sintomas respiratórios ou outras complicações de saúde e buscar atendimento médico o mais rapidamente possível, caso necessário.

Para adultos e idosos, há um aumento do risco de eventos cardiovasculares e respiratórios combinados.

Pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou imunológicos devem:

  • Buscar atendimento médico imediatamente na ocorrência de sintomas.
  • Manter medicamentos e itens prescritos sempre disponíveis para o caso de crises agudas.
  • Avaliar a possibilidade e segurança de se afastar temporariamente da área impactada.

Tempo seco deixa SC em alerta laranja

A baixa umidade relativa do ar, nas horas mais quentes do dia, fica abaixo de 30% em grande parte de Santa Catarina e abaixo de 20% no Oeste durante esta semana, informou a Defesa Civil.

Para as regiões do Extremo-Oeste, Oeste e parte do Meio-Oeste, o risco é alto para desidratação, insolação, agravamento de doenças cardiorrespiratórias e outros transtornos associados ao calor excessivo e a umidade baixa. A atenção vale também para os moradores das regiões Sul, Norte e Vale do Itajaí, onde o risco é considerado moderado.  

Fonte:

NSC

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