Laudo deixa dúvidas sobre morte de homem encontrado em freezer em SC
A investigação aguarda o resultado de exames complementares.
A Polícia Civil informou, nesta terça-feira (13), que a causa da morte do homem que teve o corpo escondido pela companheira dentro de um freezer em Lacerdópolis, no Oeste catarinense, não foi identificada pelo laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Segundo o delegado Gilmar Antônio Bonamigo, à frente do caso, a investigação aguarda o resultado de exames complementares. Ele acredita, no entanto, que o assassinato ocorreu com "uso de veneno, asfixia ou alguma coisa dessa natureza".
"A causa da morte não foi identificada ainda, pedimos exames complementares. Não foi comprovada a morte por asfixia", informou.
Indiciamento
Claudia Tavares Hoeckler, 40 anos, foi indiciada por homicídio doloso duplamente qualificado, com meio que impossibilitou a defesa da vítima. De acordo com o investigador, o homem recebeu medicamento para dormir antes de ser morto.
Ela também deve responder por crime de ocultação de cadáver e falsidade ideológica, tendo em vista que registrou o boletim de ocorrência de desaparecimento de Valdemir Hoeckler, 52 anos, sabendo que o companheiro estava morto no freezer.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina.
"Alguns documentos faltantes foram requisitados à autoridade policial, visando a conclusão da denúncia. Nesse momento, a acusada está presa preventivamente”, informou o órgão, que analisa o resultado da investigação.
Confissão
Em depoimento à Polícia Civil, a professora Claudia Tavares Hoeckler, 40 anos, contou que queria sair com as colegas de trabalho para a confraternização de fim de ano em uma pousada de Abdon Batista, na Serra catarinense, mas que foi proibida pelo marido. Também alegou ter sido ameaçada de morte por ele antes de decidir agir.
O corpo de Valdemir Hoeckler, 52 anos, foi achado na noite de 19 de novembro na residência em que o casal vivia. Ele estava desaparecido desde o dia 15, data em que a mulher registrou o desaparecimento.
O que se sabe e o que falta saber sobre o caso
Três dias após comunicar o sumiço do marido, a mulher foi à delegacia prestar depoimento. Na ocasião, conforme o delegado, não era considerada suspeita. No entanto, os policiais perceberam ferimentos pelo corpo dela, "possivelmente de uma luta corporal", e solicitaram exame de corpo de delito. Ao sair da delegacia, a mulher fugiu.
Agiu sozinha
Segundo a Polícia Civil, a suspeita afirmou que agiu sozinha no homicídio.
"Contou que quando tomou a decisão entre escolher a vida dela ou a vida dele, resolveu matá-lo", relata o investigador.
O advogado da suspeita, Marco Alencar, apontou que a morte foi motivada por supostos episódios anteriores de violência doméstica. "Para preservar sua vida, matou”, disse. Após a prisão dela, o defensor emitiu nota dizendo que a mulher "se entregou espontaneamente".
Ao final do inquérito, o delegado Bonamigo afirmou que não havia violência física no relacionamento dos dois, mas "um ciúme possessivo, ela não tinha liberdade. Era muito controlada por ele".
Nota da defesa
A defesa de Claudia Tavares Hoeckler esclarece que ela se entregou à polícia nesta segunda-feira e esta à disposição da autoridade policial. O depoimento dela esta marcado para amanhã. Cláudia se entregou espontaneamente mesmo sabendo que contra ela existia uma ordem de prisão.
Claudia foi ouvida na sexta-feira passada e respondeu a todas as indagações da autoridade policial -- inclusive se submeteu a um exame de corpo de delito. É preciso esclarecer que ela também permitiu a entrada dos peritos à sua casa. Esse acesso seria realizando nesta segunda com a presença dela, mas a polícia acabou por ingressar na residência durante a noite de sábado, tendo encontrado o cadáver de Valdemir Hoeckler.